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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ampliando o termo "Lulismo"

 
Existe o vasco que contratou o Romário (38 anos) em 2005, o Atlético mineiro que contrata o Ronaldinho Gaúcho (32 anos), e os eleitores que votam no Lula e na Dilma... e os eleitores que votam na Marina... e não acaba por aí.

Analisar personalidades históricas, reconhecendo seus papéis e relevâncias (por mais justas que sejam), e caracterizá-las levando em conta apenas suas obras no passado não é um hábito apenas do vasco, do Atlético mineiro ou dos eleitores do Lula. É uma prática quase que comportamental do ser-humano gostar de personalidades por seu passado e pelo seus feitos ainda que sejam à décadas atrás. E essa é uma afirmação muito séria porque contradiz o que acontece entre indivíduos de um mesmo ambiente social que é sempre associar outros indivíduos à alguma falha mesmo que este tenha sido um santo até minutos antes. Pois é, em ambientes outros da vida, isso é o oposto.

Não estou com isso querendo dizer que o Lula se elegeu por causa de pessoas cientes de que posição exerceu, como entrou pra vida política, o que fez de aproveitável pela sociedade, ou seja, o Lula não não foi eleito pelo motivo do voto de pessoas esclarecidas. Se fosse desta forma ele continuaria tendo o desempenho "anos noventistas" nas eleições. Aliás, parte dos eleitores do PT fazem parte do "cheira gengiva", se não tá na barba do Lula, tá no bico do tucano. Mas mesmo assim uma parcela sifnificativa de seus eleitores se enquadra no que quero dizer aqui.

Estou falando de uma galera até que bacana, esclarecida, vão desde trabalhadores que não arredavam pé da greve até intelectuais marxistas que ajudaram muito o PT á ser referência de ética (entre demais partidos) em meados dos anos 90, mas por algum motivo pararam no tempo.

Personalidades como a socióloga Maria Victoria Benevides, o cientista político Juarez Guimarães, o economista Paul Singer, e até mesmo a filósofa Marilena Chaui, que sequer criticou o partido quando estourou o mensalão mas, por algumas posições progressistas e sua obra literária também posso cita-la, são exemplos de como ainda há restos de análise intelectual no governo do PT. O que poderíamos dizer disto senão que essas pessoas pararam no tempo e se prendem à um objeto de admiração que não representa nada na esfera intelectual.

No caso de Marina Silva (que não se pode dizer que seja igual a maioria dos políticos mas também não aproveitou duas oportunidades cruciais pra deixar o partido (anos 90, com o PSTU e o PCO, e em 2004 com o PSOL) e ainda caiu no pecado de entrar para um partido que de verde não tem nada (tendo como vice o dono do grupo natura Guilherme Leal), recebeu apoio de parte da população que se preocupa "alienadamente" com a questão ambiental e também de intelectuais como Leonardo Boff que a cada discurso citava o passado de Marina e o mesmo erro cometeu ao apoiar Dilma Roussef que, a cada dia, ajuda a implementar a política neoliberal reforçando o ataque à classe trabalhadora iniciado por Lula (reforma da previdência, privatizações como dos aeroportos e ferrovias, intervenções militares como no Haiti, etc).

 
 
Deste modo, "Lulismo" passa a ser mania preferida da burguesia pois depois de cooptadas as figuras necessárias, toma-se pra si o caráter de um astuto argumento fazendo parecer que não existe mais polaridades de pensamento (proposta motivo pela qual tanto se propagandeia a tal idéia de "não existe mais esse negócio de Esquerda e Direita"). Daí então podemos ver um "Lula da vida" implementando medidas "mauthusianas" que tudo é visto como normal e aceitável pois agora a Esquerda faz o que a Direita faz e não tem novidades.

"Lulismo" se torna apenas uma das ferramentas para que o poder político de uma classe se transforme em hegemonia. O populismo, talvez a mais efetiva, sempre varreu e, provavelmente, vai continuar varrendo os resquícios de alternativas políticas saudáveis existentes ainda em solos proletariados.